A mãe de Carlos Teixeira, o adolescente de 13 anos que faleceu uma semana após ser agredido por colegas na Escola Estadual Júlio Pardo Couto em Praia Grande (SP), continua buscando respostas e justiça quase três meses depois da morte do filho. Michele Teixeira, de 39 anos, relatou que a família precisou mudar de casa devido às constantes ameaças. "Não consigo sair da cama. Minha vida foi destruída", afirmou Michele em entrevista ao g1.
Carlinhos, como era conhecido, morreu após sofrer três paradas cardiorrespiratórias em 16 de abril, enquanto estava internado na Santa Casa de Santos (SP). O adolescente necessitou de atendimento médico após dois meninos pularem sobre suas costas em 9 de abril.
Michele publicou um vídeo de desabafo nas redes sociais, expressando sua frustração com a falta de respostas. Ela explicou ao g1 que se sente impotente e indignada, pois até agora não teve acesso às imagens de segurança da escola no dia da agressão, nem ao laudo oficial sobre a causa da morte de Carlos.
Família Ameaçada e Sem Justiça
Michele, seu marido e sua filha de 21 anos, já denunciaram os suspeitos e foram obrigados a abandonar sua casa em Praia Grande devido às ameaças recebidas. "Estamos na casa da minha mãe. Perdi minha liberdade e minha paz. Minha filha tem crises de pânico. Meu marido não consegue trabalhar em paz, pois tenho medo de que algo aconteça com ele devido às ameaças", desabafou Michele.
A família considera mudar de cidade para tentar recomeçar, mas Michele promete continuar lutando por justiça para seu filho. "Sinto uma tristeza imensa ao ver que pessoas más têm mais valor no Brasil do que as pessoas de bem. Nunca dei trabalho para ninguém, e agora estou passando por isso. Minha vida está destruída, não sei o que fazer", lamentou.
Respostas das Autoridades
Procurada pelo g1, a Secretaria de Educação de São Paulo informou que a direção da Escola Estadual Júlio Pardo Couto encaminhou as imagens das câmeras de segurança à polícia e "segue colaborando com as autoridades responsáveis pelas investigações".
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo não se manifestou sobre as alegações da família até a publicação desta reportagem.
Agressor Também Ameaçado
A mãe de um dos meninos envolvidos nas agressões a Carlinhos relatou que seu filho está sendo ameaçado de morte após a repercussão do caso. Ela afirmou que o adolescente, que aparece em um vídeo agredindo Carlinhos no banheiro da escola em 19 de março, não participou da agressão de 9 de abril.
Segundo a mãe do agressor, o menino está "muito sentido" pela morte de Carlinhos e "arrasado" pelas ameaças. "Ele está escondido, sem sair de casa ou estudar", disse.
Morte de Carlinhos
Carlos Teixeira Gomes Ferreira Nazara, de 13 anos, morreu em 16 de abril após ser agredido na escola. Ele sofreu chutes nas costas e foi internado na Santa Casa de Santos com dificuldades para respirar. Carlinhos sofreu três paradas cardiorrespiratórias e não resistiu.
O pai do menino, Julisses Fleming, relatou que Carlinhos estava no 6º ano e vinha sendo vítima de bullying na escola. Apesar de ter informado a instituição sobre as agressões, nada foi feito.
Em nota, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) lamentou profundamente o falecimento do estudante. "A Diretoria de Ensino de São Vicente instaurou uma apuração preliminar interna do caso e colabora com as autoridades nas investigações", afirmou a pasta.