Barreiras sanitárias em ação
Em Anta Gorda, no Vale do Taquari, foram estabelecidas oito barreiras sanitárias para conter a propagação da Doença de Newcastle, identificada em um aviário local. Aproximadamente 7 mil aves foram abatidas e enterradas após a confirmação do vírus. As barreiras realizam a desinfecção de veículos e cargas de animais e aviários, além de realizar inspeções em propriedades rurais situadas a 3 km e 10 km do foco da doença.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), assegurou que a população pode continuar consumindo carne de frango e ovos da região, apesar da suspensão temporária da exportação de carne de aves para 44 países (veja a lista completa).
Medidas de controle e fiscalização
A Vigilância Sanitária informou que não há focos da doença em um raio de 3 km da granja afetada, embora as barreiras cubram uma área maior. As inspeções abrangem todas as propriedades rurais em dois raios: 3 km e 10 km. Francisco Lopes, diretor de Vigilância e Defesa Sanitária, destacou que veterinários e técnicos agrícolas estão avaliando as aves e conversando com produtores para identificar sinais da doença.
“Pretendemos visitar mais de 870 propriedades rurais”, afirmou Lopes. As barreiras sanitárias devem operar por 21 dias e serão desativadas se nenhum novo foco da doença for identificado nesse período.
Sobre a Doença de Newcastle
A Doença de Newcastle (DNC) é uma infecção viral que afeta aves domésticas e silvestres, causada pelo paramixovírus aviário sorotipo 1 (APMV-1). Os sintomas incluem sinais respiratórios, manifestações nervosas, diarreia e inchaço da cabeça dos frangos. A transmissão para humanos é rara e, quando ocorre, causa apenas conjuntivite transitória.
Impacto na exportação e economia
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou a suspensão das exportações de carne de aves, conforme acordos bilaterais para garantir transparência com os importadores. As suspensões, que podem durar pelo menos 21 dias, variam em função da extensão do acordo comercial, afetando desde o território nacional até um raio específico ao redor do foco da doença.
Suspensões de exportação incluem
- Para todo o Brasil: República Popular da China, Argentina, Peru, México.
- Para todo o RS: África do Sul, Albânia, Arábia Saudita, Bolívia, Cazaquistão, Chile, Cuba, Egito, Filipinas, Geórgia, Hong Kong, Índia, Jordânia, Kosovo, Macedônia, Mianmar, Montenegro, Paraguai, Polinésia Francesa, Reino Unido, República Dominicana, Sri Lanka, Tailândia, Taiwan, Ucrânia, União Europeia, União Econômica Euroasiática, Uruguai, Vanuatu, Vietnã.
- Para um raio de 50 km do foco: Canadá, Coreia do Sul, Israel, Japão, Marrocos, Maurício, Namíbia, Paquistão, Tadjiquistão, Timor Leste.
Contexto da identificação e impacto econômico
A doença foi identificada após uma tempestade de granizo que destruiu parte do aviário, resultando na morte de 7 mil aves devido às condições inadequadas. Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), afirmou que a doença foi detectada quando o proprietário da granja solicitou assistência oficial. As outras 7 mil aves sobreviventes foram sacrificadas para prevenir a propagação.
O impacto econômico é considerado mínimo, com uma redução estimada de 5% na produção nacional de carne de frango, uma vez que o Brasil produz cerca de 1,2 milhão de toneladas por mês e exporta 430 mil toneladas.
Especialista esclarece sobre a doença
O professor Hamilton Luiz de Souza Moraes, da Faculdade de Medicina Veterinária da UFRGS, explicou que a Doença de Newcastle pode causar conjuntivite temporária em humanos, mas não representa um grande risco para a saúde pública. O controle da doença é feito através da eliminação das aves infectadas, já que o vírus pode se espalhar pelo ar e contaminar alimentos e abrigos.
A última ocorrência de DNC no Brasil foi em 2006, nos estados do Amazonas, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, resultando em uma interdição de importação de cerca de três meses.